sexta-feira, 29 de abril de 2016

A Naúsea


Quero cuspir esse gosto amargo,
Esse travo de descontentamento.
A ausência de perspectivas,
O pessimismo coerente,
Meus pés, minhas mãos, 
Nessas invisíveis correntes.

Esses dias em banho-maria,
Nem ao menos um assomo,
Apático, a vida mais ou menos,
Sobrevivendo, quando muito, de fato,
E sendo satélite de mim mesmo.

Quero meus sentimentos vivos,
Exposto ao sol do meio-dia, 
Como uma humilde reação de protesto.

Fábio Murilo, 29.04.2016  

15 comentários:

Cidália Ferreira disse...

Maravilhoso poema! Como sempre aqui leio!!

Beijinhos
Bom fim de semana

http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/

Vanessa M. disse...

Belo poema, Fábio.. Leva-nos a refletir..
O que é a vida, quando não existem mais perspectivas, um caminho a trilharmos, razões grandiosas pelas quais viver?
Tenha um bom fim de semana! Um abraço

Suzete Brainer disse...

Um poema visceral, que nos aciona uma inquietude
deste avesso, o peso da "realidade" concreta, mas
a veia solar do poeta, reage e uma reação superior,
com a voz do poema na excelência de um
grito da arte que ecoa!...

Adorei, um todo de arte sublime (título, imagem
e o poema).

Abraço, Fábio.

Maria Rodrigues disse...

É dificil quando a desilusão toma conta do coração, mas não podemos perder a esperança, pois talvez num próximo amanhecer o sol volte a brilhar.
Lindo poema
Um abraço
Maria

Evandro L. Mezadri disse...

O pessimismo coerente traduz toda a essência da poesia, sensacional!
Mais uma bela obra que contemplo em seu espaço, Fábio!
Grande abraço, sucesso e ótima semana!

Elcimar Reis disse...

♥ Perfeito.

www.acessopermitido.com

Franciéle Romero Machado disse...

Que poesia mais rica! Me leva a pensar muitas coisas em cada linha que leio, desperta sensações que combinam muito bem com as coisas as quais muitas vezes ficam incompreendidas.Parabéns poeta por nos trazer belas obras!

Estranhei que não recebia suas atualizações no meu feed, mas agora acho que vou resolver esse problema. Por isso vou sair e voltar a seguir.rsrs

Abraços e tenha um bom dia!

cantinhovirtualdarita disse...

Refletir ou cuspir esse gosto amargo
é assim mesmo pra fora tudo que não faz bem
Como sempre vc arrasando nos poemas
Abraços com carinho!

└──●► *Rita!!

Helena disse...

Apoderei-me das tuas últimas postagens para admirar esta tua facilidade de lidar com as palavras e transformá-las em tão belos versos. Que facilidade tu tens, amigo, de nos trazer poemas tão edificantes! Este de agora demonstra um certo pessimismo num olhar que dimensiona uma desilusão tamanha que apenas queres "cuspir esse gosto amargo, esse travo de descontentamento", mas mantendo o desejo de "sentimentos vivos, exposto ao sol do meio-dia, como uma humilde reação de protesto". Versos contundentes, verdadeiros, mesclando pessimismo e ao mesmo tempo exortando uma reação tão saudável em tempos assim onde a Náusea fica a nos revirar sentimentos e emoções. Também coerente a imagem: o chão pedregoso, difícil no caminhar, e a solitária flor a nos dizer que existe beleza pelo caminho...
E assim, meu querido, saio daqui como sempre, certa de que a poesia NÃO está morrendo.
Que estrelas e sorrisos sejam constantes nesse teu lindo e doce coração.
Com carinho,
Helena

allmylife disse...

Esses dias em banho-maria, não tem definição melhor para as minhas últimas semanas! Sem palavras para definir o que senti ao ler-te hoje, e a trilha sonora junto...quem sabe conseguiste com tuas palavras colocar meus sentimos expostos ao sol de meio-dia, coisa que só um verdadeiro poeta tem o dom de fazer! Bjs. Pati

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

um poema que é um autentico grito de revolta,com uma imagem de suporte excelente.
belo trabalho de poesia!
bom fim de semana.
beijinho
:)

Sara com Cafe disse...

lindo e profundo. abraço!

Zilani Célia disse...

OI FÁBIO!
MUITO BONITO TEU TEXTO.
ABRÇS

http://zilanicelia.blogspot.com.br/

Priscila Rúbia disse...

Entendo.
Algo como expor ao vento dos séculos o peito nu, rasgar as roupas, rasgar a carne, descobrir o próprio coração.
Antes ser chama viva que se veja de longe e que crepite alto com a festa e a glória dos incêndios...

;)

Tais Luso de Carvalho disse...

Acho que todos estamos sentindo um pouco desse gosto amargo, Fábio. Estamos atravessando uma fase de descontentamento no país e que não nos estimula a sermos mais otimistas, pois ainda não avistamos um raiozinho de sol. Está uma confusão, uma insegurança... Como não ter náuseas?
Beijo!

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