sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

A Estrada


Quando eu passar por aqui
Não ficarão meus rastros.
Meu rastro ficará gasto quando eu partir.
Meus tropeços, meus saltos,
Não ficará um só passo.
Depois que eu ir.
Hoje sorrio, amanhã a chorar,
O que eu sou será apagado
Na margem do rio, na beira do mar.
Serei apenas um fato esquecido,
Alguma coisa que terá insistido em existir.
No final, só a mim mesmo terei amado,
Como se aqui não tivesse passado,
Quando eu passar por aqui. 

Fábio Murilo, 21.04.2012




33 comentários:

Anônimo disse...

Belíssima construção, Fábio.

Cidália Ferreira disse...

Bom dia Fábio Murilo

Poema maravilhoso! Onde que revi nele...Obrigado.

Beijo
Bom fim de semana

http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/

Samuel Balbinot disse...

Bom dia meu caro amigo poeta.. tantas estradas e todas elas sempre nos levam a direção que traçamos antes de para cá virmos.. levamos daqui somente o conhecimento e as experiencias boas, pq as que forem contrarias a gente volta para resolver.. abração e um lindo ano a vc

" R y k @ r d o " disse...

Gostei muito de ler.....Existe sempre uma estrada por percorrer...

Desejo um feliz Fim-de-semana
Deixo cumprimentos

Fábio Murilo disse...

Obrigado, John.

Fábio Murilo disse...

Poxa Cidália, a vida é cheia de bons e maus momentos, momentos inclusive encantadores, das flores das ilusões. Momentos que valem por toda uma vida. "É melhor, muito melhor, contentar-se com a realidade; se ela não é tão brilhante como os sonhos, tem pelo ao menos a vantagem de existir". - (Machado de Assis). Obrigado.

Fábio Murilo disse...

Espiritualizado Samuel, que bom pensar assim que tudo tenha sentido, um porque. Tomara! Obrigado, Feliz Ano Novo amigo.

Fábio Murilo disse...

Obrigado Ricardo pela visita. Bom final de semana também para ti.

Laura Santos disse...

Um poema que me deixou um pouco triste....talvez pela crueza da realidade.
Concordo com a ideia geral de que o nosso rasto será demasiado leve para que fique marcado nessa estrada da vida, mas acho que o mais importante rasto será aquele que deixarmos nas pessoas que amamos. O que poderá servir de pouco
consolo para quem tanto sonhou a vida, mas não acredito que alguém tenha
passado por este mundo amando-se apenas a si próprio...será?!..... Mais relevantes do que as marcas perto do rio ou do mar que constituirão apenas um ligeiro afago na natureza, serão as impressões deixadas nos outros. É essa a
dureza da realidade, e será esse o único facto que restará de nós; uma lembrança em alguém que desaparecerá também a seu tempo.
Revejo-me também um pouco nesse sentimento do nada que resta, desse
sentimento de finitude que atravessa o poema. Muito pessoano...;-)
xx

Fábio Murilo disse...

É Laura é triste, mas é o que tenho observado. Gostei do que falou, em relação a formação do caráter dos nossos filhos, um pouco de nos a sobreviver, que nos sirva de consolo, não tinha olhado por esse prisma. Nem teria a intenção de entristecer a poetisa como uma ave agourenta, desculpe. Apenas registro a observância de fatos cotidianos que me impressionam sobremaneira. Como se diz, popularmente, por aqui: "A rapadura é doce, mas não é mole", de fato.

Isabella disse...

Maravilhosas Palavras. Criei um blog, comecei a mostrar o que eu escrevo há pouco tempo, por muito estive trancada. Porém sinto necessidade de me livrar de algumas palavras. Gostaria de compartilhar experiência, se assim possível for. Como você faz para não sentir insegurança de expor os sentimentos e os seus versos ? Não publico alguns, sinto que não são bons o suficiente. Perdão se eu estiver sendo invasiva.

MARILENE disse...

Não há quem passe pela vida sem deixar seu carimbo. Alguns deles o tempo apaga, outros frutificam porque a semente era boa e encontrou terra fértil. Abraço.

Fábio Murilo disse...

Abraços Marilene e obrigado.

Helen Ferreira disse...

És uma pessoa tão pragmática, e conduz palavras até as poesias mais significativas.

Fábio Murilo disse...

Sou? É, tudo tem seu método. Obrigado Guria.

Patrícia Pinna disse...

Boa noite, Murilo. Marcas sempre deixaremos na nossa vida, tanto as do bem quanto as do mal.
Basta saber com o que nos identificamos mais.
O que alimentamos em nosso interior, se é a alegria e o amor, ou a tristeza e a dor.
Fique com Deus.
Beijos na alma.

Fábio Murilo disse...

Antes de tecer qualquer comentário, Isabella, fui ao seu Blog, você tem talento menina, vi uma poesia de qualidade, profunda, muito boa! Serio! Divulgue, publique, sua poesia não fica devendo nada a ninguém, não se subestime. Pode me perguntar o que for, estando ao meu alcancem, passarei o que souber com muito prazer, pode perguntar, sério. Continue! Visite mas blogs feito o meu, procure fazer amizades na "blogosfera". Não esta sendo invasiva de forma alguma, está falando, de agora em diante, com um amigo, vá em frente talentosa poetisa.

Fábio Murilo disse...

Pode ser, Patricia. uma construção com a de Niemeyer, num quadro de Picasso, num poema de Drummond, talvez, comumente ninguém é insubstituível. Obrigado Poetisa.

Bandys disse...

Deus perdoa sempre , o homem as vezes e a natureza nunca. Se avexe não que todas as suas marcas ja estão traçadas. Andei sentindo sua falta la em casa.
Beijos e noites com luz

Fábio Murilo disse...

Ah, eu ia passar lá, pensou que eu esqueci, Garota Dourada? rs...

Priscilla Way disse...

Viajei nessa tua estrada de rimas perfeitas!

Mari Mari disse...

Como sempre, bela poesia. Curti especialmente o uso da licença poética! Rs

Fábio Murilo disse...

Obrigado, Pri!

Fábio Murilo disse...

Percebi, rs... Menina envenenada.

Tais Luso de Carvalho disse...

Penso igual a você, depois que eu for, não tardará para que eu seja esquecida; três gerações? Eu só lembro até minha avó! Talvez eu tenha lido muito o adorável Quintana. Com ele entrei na real.
De que adiantará as lembranças nos outros? Não estarei aqui para constatar o quanto me amaram. Portanto, a vida que levo é que cantarei, e essa... até o último suspiro! Prefiro que tudo aconteça enquanto eu estiver viva.

Beijo!

Fábio Murilo disse...

É... dura realidade, Tais! Dizer mais o que? Obrigado pela visita.

Bruna Morgan disse...

Eu estava pensando nisso esses dias, tantas pessoas já existiram e há muito foram esquecidas, o mesmo acontecerá comigo.

Tais Luso de Carvalho disse...

QUANDO EU ME CHAMAR SAUDADES
(Nelson Cavaquinho)

Sei que amanhã
Quando eu morrer
Os meus amigos vão dizer
Que eu tinha um bom coração
Alguns até hão de chorar
E querer me homenagear
Fazendo de ouro um violão
Mas depois que o tempo passar
Sei que ninguém vai se lembrar
Que eu fui embora
Por isso é que eu penso assim
Se alguém quiser fazer por mim
Que faça agora.

Me dê as flores em vida
O carinho, a mão amiga,
Para aliviar meus ais.
Depois que eu me chamar saudade
Não preciso de vaidade
Quero preces e nada mais

Fábio Murilo disse...

Conheço essa musica, bela, embora exponha de maneira dura a nossa realidade. Fato.

Fábio Murilo disse...

É, é necessário Bruna. Viver remoendo dolorosamente a partida do outro vira doença, depressão. Lembremos apenas com saudade e esperança, sem apegos.

Vitor Costa disse...

Cheguei sorrateiro por aqui, fui lendo, envolvendo-me, um alento para a mente. A poesia está morrendo, mas os poetas estão vivos. E ainda teimam nessa mania de enxergar magia nos tons anuviados do dia-a-dia.
Adoraria uma visita ao meu singelo blog ^^

http://leigopoeta.blogspot.com.br/

Grande Abraço

Fábio Murilo disse...

É, Victor Costa, hoje já não estou mais tão pessimista, confesso. Já se escreveu, se leu, já participei de algumas passeatas poéticas, hoje não vejo mais isso, mas aqui no mundo virtual ela está bem viva, ainda bem! Gostei do que disse sobre os poetas. Obrigado pela gentileza da visita.

Jonas Gonçalves disse...

Já tinha lido alguns de seus poemas, mas até agora não tive a chance de dizer do quanto gostei deles. E, sem dúvida, esse é um dos melhores. Toda essa reflexão que você fez melancolicamente é adorável, ainda mais sem fugir da própria poesia na qual se insere.

Parabéns, você trabalha muito bem seus versos.

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